Conversa de café
Elas conversavam ao meu lado, no café.
- Os homens não gostam de fazer amor - dizia a mais velha - Não gostam de sexo.
A mais nova, calada, ouvia.
- Não gostam de todo o processo, não o apreciam. No fundo, não gostam de sexo.
A outra continuava calada.
- Os orientais vão muito mais à frente , neste percurso.
Saíu-lhe um "ai sim?"
- Sim. Quantos homens conheces que sintam mesmo prazer em todo o processo de uma relação sexual? Quantos sabem apreciar um simples toque? Sabes, é aquela história de sempre: muitos estão sempre a pensar em sexo e são activíssimos. É para descarregar energia. Outros, são passivos e só se lembram de "fazer amor", quando acham que é preciso "despejar" um bocado de esperma, porque demasiado esperma incomoda nos testículos.
A mais nova estava desconfortável. Mas ficou ali a ouvir a mais velha falar.
- E então? Que fazemos? - perguntou.
- Eles precisam da deusa, da mulher activa que lhes ensine os caminhos do prazer que leva ao sexo. Todo o caminho, do toque, da emoção, do dar.
- Ó caramba - disse a mais nova, espontânea - e logo eu que sou mais passiva e gosto de homens activos, para colmatar esta "falha". E se me calha um passivo como eu?
- ...
- Mas então, não pode ser só a mulher a dar! Certo? - voltou a perguntar.
- Claro que não. É uma troca, de dar e receber. Um, ao dar prazer ao outro, recebe esse mesmo prazer de volta.
Esteve ali um bocado a ouvir sugestões, conselhos.
Saíu-lhe "estou farta; não quero isso pra mim".
- Ah pronto! Então é bom ponderares bem, porque um relacionamento assim, se é o que tu tens, pode não funcionar...
A mais nova calou-se outra vez. Calaram-se as duas.
Eu continuei a ler o jornal.