maquiavélica
Isabel era uma mulher desconfiada.
Memórias de infância, inseguranças, tornaram-na uma pessoa defensiva, sempre à espera de um eventual "ataque"; então com os homens, era completamente maquiavélica. Apaixonada, romântica, bastava uma pequena atitude por parte do parceiro, para a desconfiança crescer desmesuradamente.
Não sabendo com o que contar, Isabel vigiava o parceiro cuidadosamente, pormenorizadamente.
Nem sequer sabia o que procurar, o que investigar.
Mas contava-lhe tudo. Se desconfiava, questionava-o sobre a questão. Acabava por perder a dose de maquiavelismo, em troca de uma última esperança de confiança. E a resposta de Vítor era habitualmente lógica, bem fundamentada. Não havia razões para desconfiar.
Pior Isabel se sentia. E ela dizia a Vítor:
- Desculpa. A desconfiança é minha. Sou eu que tenho de lidar com ela, com o desconforto, com a angústia e ansiedade da suspeita.
Vítor desculpava sempre. Quem sabe... até um dia.
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