Vida De Mulher

Para contar histórias das vidas de mulheres, ninguém melhor que uma mulher. Assim é por aqui.

Paixão

Ana sempre esteve apaixonada.
Começou com seis anos, apaixonadíssima por um colega da escola que sempre a desprezou. Durou até aos doze anos esta paixão. Pelo meio, houve outras paixões ao longe. Pequenas explosões, que desapareciam, conforme apareciam. Coisas rápidas.
Aos treze, nova paixão. Durou até aos quinze.
Aos quinze, a grande paixão adolescente.
Todas elas completamente platónicas.
Aos dezassete, o primeiro beijo que ela não gostou. Não gostava dele e não gostou do beijo.
Aos dezoito, a primeira experiência sexual. Gostou. Mas pesava-lhe a culpa de ter feito sexo sem casamento.
Depois, um namorado mais a sério. Casou com ele. Divorciou-se dois anos depois.
Sempre apaixonada, entre amores platónicos e outros apenas físicos, foi avançando na idade e na vida.
Sempre cheia de relacionamentos, uns atrás dos outros, homens não lhe faltavam.
Até que, chegou uma altura que já não fazia sentido ter, simplesmente, um homem atrás do outro.
Parou.
Olhou para trás e disse "basta!"


Ana opta por estar só, agora. Continuam a fazer fila atrás dela, os homens - solteiros, casados, divorciados.
Ela ri-se da vida, ri-se dela própria.
E continua só.

Quantos anos tem, nesta altura? Não quis dizer, porque se sente igual a si própria, como se os anos não tivessem passado por ela.
A diferença, diz ela, é que agora tem apenas os homens que quer mesmo. Não aceita os que a querem a ela, só porque sim. É selectiva.


Pessoalmente, fiquei a achar que ainda sonha com o príncipe encantado.